O cenário religioso no Brasil passou por transformações significativas desde o primeiro censo religioso realizado em 1872. Naquela época, o catolicismo predominava de forma quase absoluta, abrangendo 99,7% da população brasileira, conforme dados do IBGE.
A partir da década de 1990, o país testemunhou uma notável ascensão do protestantismo, alterando drasticamente o panorama religioso. Em 1991, a porcentagem de católicos já havia diminuído para 82,9%, um reflexo das mudanças sociais e religiosas que começavam a moldar o Brasil.
No ano 2000, o censo revelou que 15,1% da população brasileira se declarava protestante, enquanto o número de católicos continuou a encolher, atingindo 74,1%. Essa mudança indicava uma diversificação crescente das crenças religiosas no país.
A analista do IBGE responsável pelo tema, Maria Goreth Santos, ressaltou a importância de acompanhar essas transformações ao longo do tempo.
"Em 150 anos de recenseamento de religião, muita coisa mudou no país e na sociedade como um todo", disse Maria Goreth Santos.
Goreth Santos também destacou as limitações do censo original, onde apenas duas opções religiosas eram consideradas.
"Em 1872, o recenseador deveria assinalar cada pessoa como "cathólico" ou "acathólico", conforme grafia da época; não havia outra opção de religiosidade." afirmou.
Ainda sobre o censo da época, Goreth observou:
"a população escravizada era toda contada como católica, seguindo a declaração do senhor da casa".
Essa prática, segundo ela, refletia a dinâmica social e o controle da elite sobre a população escravizada naquele período. As mudanças no censo religioso ao longo dos anos refletem, portanto, as transformações na sociedade brasileira e na forma como as pessoas se identificam religiosamente.
*Reportagem produzida com auxílio de IA